Só para alguns...

O teatro, os actores, os cenários e tudo que envolve este espectáculo, é algo de muito digno e que na maior parte das vezes exige muito sacrifício de toda a gente envolvida. Há que haver respeito por quem abraçou esta arte. Lembrei-me de fazer esta referência porque sinto, e não é novidade para ninguém, que esta gente não tem os incentivos que merece, nem lhes é dado o valor correspondente ao seu trabalho. Nesta época em que vivemos, e desde há alguns anos para cá, têm-se diminuído os apoios à cultura e nomeadamente ao teatro. Tudo que envolve a cultura está a ser colocado para segundo plano. Quando não se proporciona o acesso à cultura a um povo, os valores que os regem no dia-a-dia têm tendência a desaparecer e não é necessário ser-se um expert na matéria, para chegar a esta conclusão. Provavelmente há interesses em ter um povo menos culto…Não me parece que seja a melhor solução, já que se constata há muito tempo a influência negativa disso mesmo.
Mas comecei com este preambulo, que nada tem a ver com aquilo que me levou a escrever este texto, porque me lembrei da palavra teatro, e aproveitei para fazer um pouco de justiça, a quem faz do mesmo a sua profissão. Mas vou agora continuar, escrevendo sobre o mesmo, mas de uma forma diferente, Tem a ver com a nossa vida diária, e com muito do que nos rodeia.
Todos nós na nossa vida temos um pouco de actores, umas vezes por conveniência, outras porque somos obrigados a actuar de uma forma que não corresponde aos nossos ideais, e noutras, porque o queremos ser por diversão e por gosto de dar aos outros algo de positivo, alguma alegria ou até momentos de algum relaxe, que é aquilo que pouco temos nos dias que correm. Mas utilizar frases como “ser teatral”, “fazer teatro” ou frases do género, normalmente e na maior parte das vezes, é com sentido ofensivo, principalmente quando é direccionado a quem tem apenas o propósito de dar um pouco de si…aos outros. E é isto que é difícil de compreender, pela forma como, por quem e porque é dito. Vivemos tempos difíceis. Perdeu-se muito de bom que existia, o convívio salutar entre as pessoas deixou na sua generalidade, de existir e, perdeu-se também a camaradagem e a solidariedade numa sociedade que se tornou de uma frieza preocupante. Cada qual vive para si mesmo e não se dá ênfase a pequeninas coisas que antigamente eram valorizadas e as tradições já não são o que eram. Os tempos são outros, há novas formas de estar na vida, que eu não posso aceitar pela minha forma de ser, mas quem sou eu para tentar mudar o mundo. Tenho de respeitar esta nova forma de estar na vida, mas também exijo o respeito, por quem ainda vive sob determinados critérios e valores, em que acredita.
Quando acontece haver alguém que valoriza tudo isto, sem qualquer interesse pessoal, essa pessoa é vista de uma forma menos própria, menos correcta, sendo a até posta em causa e criticada sem qualquer fundamento. Chega a ser incómodo para este tipo de “gente”, que se rege por princípios um tanto ou quanto dúbios, acabando em muitas ocasiões por se denegrir a imagem de terceiros que nada fizeram de errado para que isso acontecesse.
Há “gente” que gosta e tem necessidade de ser o centro das atenções, e quando deixa de o ser por variados motivos, é como se o mundo desabasse aos seus pés. Não são inteligentes q.b., usando palas e não querem ou não percebem que há mais vida ao seu redor.
Teatro é arte, com dignos profissionais, evite-se frases impróprias em vão, por respeito pela profissão.
Convívio e sã camaradagem são coisas completamente distintas.

Sei que para muitos este texto será um pouco dificil de entender, e se questionarão, mas acreditem que tem os seus objectivos bem definidos.
Um abraço e uma boa semana de trabalho.

(fish)