Já não escrevia aqui há algum tempo.
Tenho andado nas últimas semanas, de mal comigo mesmo para não andar de mal com o mundo, o que não é uma situação nova para mim, nesta época do ano. Depois do período festivo fico sempre um pouco na mó de baixo, mas não por exageros próprios da quadra. Dou-me mal com o Inverno e pelo mês de Janeiro em especial, que detesto. Não gosto, pura e simplesmente, até poderá ser uma mania minha, mas acho-o muito deprimente. Tenho alguma dificuldade em arranjar disposição para enfrentar as situações diárias, mas de ano para ano, noto que não tem havido melhorias neste aspecto, por diversas razões. No inicio de ano por norma, e de há umas décadas para cá, criou-se o hábito nos vários governos deste país, para se regular preços nalguns bens e serviços. Aproveita-se este período para se fazer um balanço e determinar as percentagens de aumento que irão perdurar pelo decorrer do ano ou pelo menos em parte do mesmo. Consequentemente fala-se imenso do custo de vida, aumenta isto, aumenta aquilo, a inflacção é x ou y, etc, etc,. Isto é deprimente, porque acabam por se esquecer do "Zé". E eu noto que este povo, com que eu me identifico, está cada vez mais triste, existe o medo a nivel laboral em muitos locais de trabalho, não estou a exagerar, infelizmente é verdade, as pessoas começam a ter receio de falar, vê-se isso diariamente, é só uma questão de observar com atenção. Estão saturadas, estão cansadas de lutar para ter uma vida melhor, são anos e anos de promessas. Existe muita miséria, apesar de alguns tentarem passar a ideia contrária. O desemprego é algo de muito preocupante. Os jovens, cada vez menos, podem estabilizar a sua vida, ou programá-la porque a instabilidade é enorme. Quando aumentam os ordenados (quando isso acontece, porque há quem não saiba o que é isso há imenso tempo), são sempre abaixo daquilo que seria de esperar. Baseiam-se na inflacção, mas o que é certo é que a inflacção calculada, nunca comtempla a subida dos preços de tudo aquilo que é essencial no dia-a-dia da população. Ainda não entendi muito bem esta matemática dos homens que nos governam, espero ainda um dia vir a perceber estes cálculos que nos prejudicam a todos. Já lá vai o tempo em que 2+2 era igual a 4, hoje em dia já não é bem assim. Será que alguma vez vou perceber? Tenho dúvidas, da maneira como as coisas correm...
Vivemos tempos de grandes contrastes, onde uns (alguns milhares) têm tudo ou quase tudo, e, outros (os restantes) cada vez têm menos, ou então já pouco lhes resta, quando não é pior. E aí, começa-se a vegetar...a levar uma vida sem objectivos, sem qualquer tipo de ambições, porque esses mesmos objectivos e ambições, que deveriam ser um direito a que qualquer ser humano pudesse aspirar, já outros se encarregaram de trabalhar, para que lhes fossem retirados. E isto revolta, mexe connosco. Estamos a viver com a prepotência e arrogância de alguns. Abusa-se imenso do poder. No séc.XXI em que a informação é constante e que chega a qualquer ponto com extrema rapidez, é inadmíssivel que a mesma seja ignorada ou se faça ouvidos moucos, por quem tem responsabilidades no bem estar dos seus semelhantes.
Estas situações não podem perdurar por muitos mais anos. É necessário que se faça alguma coisa, pois corre-se o risco do balão rebentar por não comportar mais ar.
Tudo isto me preocupa, mas mais quando penso nas crianças que um dia vão ter o encargo de tentar rectificar tudo aquilo que os adultos de várias gerações se encarregaram de destruir. Não se está a olhar para o futuro, pouco se faz para criar condições melhores para os vindouros, isto preocupa-me...sinceramente.
Foi apenas um desabafo, peço desculpa se incomodei alguém, só queria que houvesse um pouco mais de humanidade e justiça, só isso, acho que não é muito...
(fish)
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